Índice geral >> Euritmia >> Sobre o nome
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São Paulo, fevereiro de 2009
Aos leitores, tradutores, divulgadores, editores, apreciadores da euritmia e aos antropósofos em geral:
Nós, euritmistas do Brasil, vimos através desta carta aberta, divulgada pela ABRE Associação Brasileira dos Euritmistas, expor ao público brasileiro uma decisão tomada por alguns de nós quando viemos para cá, em 1988, implantar a Euritmia, decisão esta que foi acatada pelos euritmistas que se radicaram e/ou se formaram no Brasil desde então. Trata-se do nome por nós adotado para essa arte no Brasil.
Desde a fundação da Escola Higienópolis em 1956, em São Paulo a atual escola Waldorf Rudolf Steiner essa arte, matéria curricular inserida no escopo pedagógico da escola, foi chamada de EURITMIA. Desconhecemos a origem dessa tradução, mas esse foi o nome dado a ela desde o início das atividades ligadas à Antroposofia no Brasil.
Assim sendo, alguns de nós que haviam crescido com esta forma de nomear a arte eurítmica, e que, anos mais tarde, se tornaram seus representantes, adotamos conscientemente o nome EURITMIA, e não EURRITMIA.
Embora alguns dicionaristas brasileiros registrem a palavra eurritmia, lembramos que a maioria não deixa de abonar a palavra euritmia (vide Houaiss e Aulete, dicionários eletrônicos). Já o Dicionário da Língua Portuguesa On-Line (DLPO), desenvolvido pela prestigiada empresa portuguesa Priberam, especialista na área lingüística, só reconhece o termo euritmia (vide www.priberam.pt/dlpo/definir resultados.asppx ). Vale lembrar que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, principal documento de registros lexicais organizado pela ABL (Academia Brasileira de Letras), que define as regras ortográficas oficiais, registra as duas opções, euritmia e eurritmia (vide www.academia.org.br).
De qualquer modo, hoje, 21 anos mais tarde - tendo em nosso corpo de profissionais inúmeros colegas da área, entre pedagogos, artistas e terapeutas; tendo formado no Brasil 4 turmas de novos euritmistas; tendo uma Associação que nos representa pública e juridicamente - sentimos que devemos e queremos adotar a opção euritmia, nome que damos à nossa arte desde sua realização no Brasil, baseados em três justificativas.
A primeira e mais importante é a experiência íntima, artística e da natureza dos próprios gestos eurítmicos que nós, euritmistas, experimentamos no efeito do fonema [R] forte ou (RR), que nos parece exagerado e dissonante quando antecedido pelo ditongo eu. Essa combinação pode ser usada em português a partir de um ponto de vista intelectual, considerando exclusivamente a origem latina, romana do termo (o radical ritmo, com [R] forte), mas não essencial e artístico, muito menos eurítmico (e esta arte é muito mais grega do que romana!...).
Outras duas razões que corroboram nossa decisão requerem conhecimentos aprofundados de filologia e fonologia. Numa visão simplificada, podemos dizer que: o prefixo grego eu é, na sua língua de origem, dito "fraco" e por isto não pede a duplicação da consoante que o segue, em palavras em que isto seria normal, como ocorre com o prefixo "forte" A. Daí ARRITMIA, mas EURITMIA. Além disso, o u e o i, finalizando ditongos, abrandam o encontro vocálico (não à toa esses ditongos são classificados de decrescentes) e evitam a seqüência vibrante, velar, forte do RR, seqüência essa extremamente desarmônica. O fato é que, em Português, com exceção de raríssimos termos científicos, não existem palavras com RR e, aliás, nem com SS após ditongo decrescente: Cairo, paira, beira, feira, maneira, loira, uirapuru, áurea, europeu, neurastênico, couro, dourado, loura, ouriço, etc, e coice, ouço, louça, etc.
A título de experiência, convidamos o leitor a pronunciar os vocábulos acima citados, substituindo o [r] brando pelo [R] forte. Como se pode observar, a palavra eurritmia, além de desrespeitar a essência dessa arte, seria uma aberração ortográfica e sonora.
Baseados nestes argumentos é que nós, representantes desta arte no Brasil, decidimos em 1988 que ela deveria se chamar EURITMIA. Por não ser da nossa natureza, não patenteamos este nome... Mas o instituímos, e assim o divulgamos e publicamos desde então.
Dadas algumas incidências recentes, inclusive em publicações de obras ligadas à Antroposofia, e o uso do termo EURRITMIA por parte de pessoas ligadas ao trabalho antroposófico, que é o berço da Euritmia, revimos esta decisão em nossa última assembléia geral da ABRE, em 4 de fevereiro de 2009, e achamos por bem reiterar nossa decisão e torná-la pública através desta carta aberta.
Àqueles que, ainda assim, não estiverem convictos dos nossos argumentos, pedimos a gentileza de respeitarem e divulgarem a escolha de seus representantes no Brasil, adotando o nome EURITMIA, se necessário como nome fantasia.
Atenciosamente,
Os euritmistas do Brasil
ABRE - Associação Brasileira dos Euritmistas