Autodesenvolvimento

Valdemar W. Setzer

www.ime.usp.br/~vwsetzer 

Versão 2.0 de 10/3/2023

Na antroposofia o autodesenvolvimento, como a palavra diz, deve ser feito exclusivamente individualmente, em plena liberdade e consciência, eventualmente seguindo alguma orientação prévia, sem que se tenha diretamente alguma ajuda ou imposição direta. Rudolf Steiner descreve como na antiguidade remota o desenvolvimento pessoal era feito pela intervenção direta de gurus ou de hierofantes, que controlavam as vivências que os seus discípulos tinham. Em especial, durante muito tempo esse desenvolvimento era secreto, feito nos denominados Centros de Mistérios, pois reconhecia-se que a humanidade não estava preparada para se desenvolver sem orientação e controle permanentes. Inicialmente, o discípulo passava por uma rigorosa purificação de sua alma, para depois poder começar a ter percepções do mundo espiritual. Hoje em dia a situação se inverteu: cada pessoa deve seguir seus próprios passos de desenvolvimento espiritual. 

Há dois tipos de autodesenvolvimento que as pessoas deveriam fazer: aperfeiçoar sua alma no sentido de praticar o bem humano e o desenvolvimento de seus órgãos de percepção espiritual, os chacras do antigo esoterismo hindu. É interessante notar que o livro de Steiner O conhecimento dos mundos superiores (GA 10; uma tradução literal desse título deveria ser "Como se adquirem conhecimentos dos mundos superiores?") descreve os chacras e como podem ser desenvolvidos, e trata extensamente do aperfeiçoamento da alma, mas contém poucos exercícios meditativos. O artigo Disposições e atitudes anímicas recomendadas por Rudolf Steiner em seu livro "O Conhecimento dos Mundos Superiores – a Iniciação" serve de guia para a leitura do livro, e aponta 173 aperfeiçoamentos da alma; Steiner diz que sem um aperfeiçoamento da alma é impossível se ter uma percepção correta do mundo espiritual.

O desenvolvimento dos chacras é feito na antroposofia por meio de exercícios meditativos individuais. Há dois tipos básicos desses exercícios: os que produzem uma imersão na própria alma, feita por meio de meditação sobre temas puramente espirituais, como versos, mantras, ou usando imaginação de figuras geométricas, empregando sempre um pensamento ativo. O outro tipo é a imersão em percepção sensorial pura, esvaziando-se o pensamento, como a concentração em uma cor, uma planta, ou mesmo na chama de uma vela.

O caminho antroposófico não é cômodo, é árduo, mas seguro. Por exemplo, se não há uma purificação da alma, o caminho interior pode levar a uma exacerbação do Eu, produzindo uma enorme intensificação das paixões e do egoísmo. Já o caminho exterior pode produzir um êxtase indevido, um ofuscamento da realidade. (R. Steiner, GA 123, palestra de 7/9/1910.)

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