TECENDO AS TRAMAS DAS JUVENTUDES BRASILEIRAS
por Laila Morais e Seção de Jovens no Brasil
por Laila Morais e Seção de Jovens no Brasil
Juventudes
Eu, tu e nós, Espíritos Jovens
Ressoamos algo maior do que
nossa existência.
Buscamos atuar com vontade,
sentido e consciência.
Com respeito e união,
transformamos nossas
realidades,
Espalhando amor e acolhimento
pela comunidade.
No agora, eu, tu e nós estamos
em ressonância.
Juntas com muitas juventudes,
somos e fazemos a mudança.
Laila Morais
Na semana mais fria do ano, na cidade de Bauru, jovens de diferentes regiões do Brasil se reuniram durante o Encontro Brasileiro de Juventudes: TECENDO TRAMAS. De 29 de maio a 02 de junho, mesmo com as frias temperaturas, os dias foram aquecidos pelo encontro com o outro, pela descoberta de si mesmo entre tantos. Foram dias preenchidos de afeto, acolhimento, aprendizados, trocas, conhecimentos, abraços, risos, angústias, dores, amizades verdadeiras, sabores… Entre tantas expectativas e potências, foram dias de realizações, de renovar as esperanças, de tecer as tramas das juventudes brasileiras.
O Encontro TECENDO TRAMAS, para quem estava na organização, começou lá em setembro de 2023, na imersão da Seção de Jovens em São Paulo. Nos 8 meses de gestação e preparação, houve muitos outros encontros. Por meio do projeto ReconheSER JovEM, que visitou mais de 12 ensinos médios waldorfs do Brasil, o convite para o Encontro de Jovens chegou ao nordeste, centro, sul e sudeste do país.
Foi então, no dia 29 de maio que a escola Viver, sede do evento, preparou o espaço para nos receber e o Encontro de fato se tornou real. Os mais de 120 jovens, contando participantes, apoio, organizadores e convidados, vieram de mais de 6 estados (SP, MG, PE, BA, DF, SC e PR) e 18 municípios, compondo uma trama diversa e plural.
O Encontro
Na primeira noite, começamos o encontro com a apresentação do grupo de Euritmia Jovem orientado pela professora e euritmista Suzana Murbach, e composto por jovens ligados à Viver Escola Waldorf (Bauru/SP), à Aitiara Escola Waldorf (Botucatu/SP) e à Escola Waldorf João Guimarães Rosa (Ribeirão Preto/SP).
Após o jantar, organizamos algumas dinâmicas para quebrar o gelo e gerar conexão entre os participantes. Em seguida foram repassados os combinados e regras do encontro, para que tivéssemos uma convivência agradável e respeitosa com todos.
Nos dias que se seguiram, começamos as manhãs com o verso da Seção de Jovens, seguido de música, ritmos e exercícios de euritmia, trazendo coesão para o grupo. Todas as manhãs, passamos os recados do dia e assistimos as palestras, com os seguintes temas: jornada biográfica (Fernando Favaretto), educação para além dos muros da escola (Taetê Ori e Brena Lu) e trimembração social (Joan Melé).
Fizemos uma pausa para o lanche da manhã, e participamos das oficinas, organizadas pelos próprio jovens, entre elas: oficina de forró, crochê, roda de coco, tie dye, desenho, amor na juventude, Circo Ponte das Estrelas, dança do ventre, zine, vôlei, basquete, entre outros.
Todas as tardes, ocorriam os workshops, que traziam temas como: biografia (Martha Mello e Fernando Favaretto), Pedagogia de Emergência (Paulo Vicente e Kleber Akama), educação financeira (Alonso Campoi), metodologia Elos (Bel Rocha e João Vitor Vargas), teatro Tekó Porã (Luara Iracema), trazendo ideias para a realidade (Marilha Balieiro), arte como ponte (Luciana Pinheiro), construção de uma geodésica (Anderson Fabri) e sobre grêmios (Fê Maia).
Tivemos também grupos de dinâmicas, rodas de conversa e assembleias, onde falamos sobre Filosofia da Liberdade (Rogério Calia), o que queremos fazer com o nosso tempo individual (Joan Melé) e que antroposofia queremos (Seção de Jovens). Buscamos conectar e aproximar ainda mais os participantes, a partir de brincadeiras, dinâmicas e perguntas que incentivaram a partilha de aprendizados.
Na noite de quinta-feira, aquecemos os corações com uma festa junina, com fogueira, brincadeiras, comidas típicas e quadrilha. Na noite seguinte, tivemos o Sarau do Coletivo Mentalize MA, que marcou presença com artistas da Camerata Monte Azul, Circo Ponte das Estrelas e muitas outras vozes talentosas.
Começamos a noite de sábado com um sarau de despedida, para que mais jovens apresentassem seus talentos: tivemos a apresentação da banda do 9º ano da Viver1, apresentações musicais e instrumentais engraçadas. Ainda tivemos os alunos do 9º ano da Viver, que nos presentearam com a peça do Boi de Mamão, e, para a alegria de muitos, após o sarau ainda aconteceu uma gincana surpresa, e encerramos as atividades com uma festa noite adentro…
No último dia do Encontro, domingo, compartilhamos as realizações dos workshops e grupos de dinâmica, e agradecemos à escola e funcionários que cuidaram e acolheram a todos durante os 5 dias.
Somos imensamente gratas aos diversos apoiadores, que acreditaram e investiram tempo, dinheiro e conhecimento para que pudéssemos sustentar e realizar em todas as instâncias esse evento. TECENDO TRAMAS foi a concretização de muitos outros encontros, de trocas e sonhos, e a pergunta que fica é: QUANDO SERÁ O PRÓXIMO?
Vozes das Juventudes
Convidamos as participantes, organizadoras e convidadas para contar como foi participar do Encontro:
Faço parte do grêmio estudantil da Viver Escola Waldorf de Bauru e descobri sobre o Encontro de Jovens TECENDO TRAMAS através de um pedido para que ajudássemos a organizá-lo. Desde o começo me apeguei e criei grandes expectativas. Participar desse encontro me fez repensar toda a minha vida, o que eu sou, quem eu fui e quem quero ser. Por mais que estivesse na minha própria escola, tudo era diferente, porque as pessoas eram tão encantadoras e a rotina era tão imersiva, que o ambiente nem importava... Criei vínculos com pessoas que nunca conversei, e talvez nunca mais veja em minha vida; desejaria que tivesse durado mais, mas vejo o quanto isso é essencial dentro do ser de cada um, por isso deixo um pedido para que próximos encontros sejam feitos!
Clara Harumi, 10º ano, Viver Escola Waldorf, Bauru/SP
Ir para o encontro de jovens foi um processo trabalhoso e muito desafiador, em vários momentos é de se pensar em ‘dar o passo que o universo dá o chão’. Estar no evento foi impactante; de estar diante às diversas contradições, surpresas e sentimentos! Fico feliz e agradeço a oportunidade e me sinto movimentada para estar com a Bahia no próximo.
Julia Vilas Boas, Salvador/BA
Jovens passam pelo desafio da necessidade de serem aceitos e pelo fato de ter sido organizado pelos jovens da seção, essa linguagem aconteceu naturalmente, sendo construídas lindas pontes de entendimento, levando em consideração que existe um grande abismo entre o que eu digo e o que o outro escuta. Acredito que este encontro nos trouxe mais liberdade para caminharmos conforme nosso movimento interior e fortalecer este movimento faz com que consigamos nos expressar como indivíduos e nos fortalecer como a faixa etária com maior potencial de transformação de toda nossa biografia.
Arthur Yutaka, Santa Catarina/SP
O evento foi enriquecedor, aprendi um pouco mais sobre a linda pedagogia e mais sobre mim mesma, sonhos meus foram se tornando realidade, e aos poucos, me senti inteira. Eu amei ter contato com outros jovens ricos de sentimentos e de sensações, conhecer e aprender com todos foi um presente, me sinto fortalecida com admirada experiência revigorante, me fez parar e pensar um pouco mais sobre quem eu sou e quem eu quero ser. Esses momentos me marcaram, e me tocaram de uma forma leve, pois não senti cansaço durante todo o aprendizado, mas sim esperança que eu, como jovem, faça a diferença, mesmo com um pequeno passo elegante.
Bela Yukie, 12º ano, Rudolf Steiner de Minas Gerais, Belo Horizonte/ MG
Eu gostei muito das palestras e achei muito interessante como nelas nós analisamos a antroposofia sob diversos aspectos, não só de forma teórica mas também como aplicá-la na nossa vida prática, além de nos mostrar lados não tão bons da atual antroposofia e nos mostrar que não é necessário aceitá-la como uma doutrina, mas sim como ensinamentos para incorporar nas nossas experiências. O encontro também nos permitiu perceber a importância da juventude (pelo menos a mim) e como direcionar essas forças de modo a nos tornarmos melhores adultos e de saber nos posicionarmos direito tanto na vida como na sociedade. Agradeço a oportunidade de poder estar em um lugar de tantas experiências e aprendizados, e espero ansiosamente pelo próximo.
Francisco Clímaco, 10°ano, Escola Waldorf Rural Turmalina, Paudalho/PE
O evento Tecendo Tramas demandou muita força de vontade e capacidade de adaptação, mas todo esforço foi recompensado por cada sorriso, cada encontro, cada momento de reflexão, cada expressão artística, cada abraço que presenciamos. Eu, pelo menos, faria tudo novamente.
Yuri Cetra, Guarujá/SP (Seção de Jovens)
Carrego comigo imagens do nosso encontro que me inspiram e me dão esperança para nosso futuro. Como equipe organizadora, não sabíamos quais resultados o evento teria, mas desejávamos profundamente que o Encontro trouxesse novas perspectivas para os jovens. Crescer uma força interna para encarar a vida e ter entusiasmo nesse caminho. Presenciamos aprendizados tão lindos, encontros de alma! Olhar uma quadra cheia, com 100 jovens vindos de vários cantos do Brasil, dispostos a conhecer e aprender com o outro, foi realmente um alimento para a alma.
Indira Terciotti, Serra Grande/BA (Seção de Jovens)
Quando me convidaram para oferecer um workshop no encontro para juventudes aceitei imediatamente pois, o impulso de reunir jovens me inspira desde que iniciei os encontros de Micael em Minas Gerais há 12 anos. Foi lindo testemunhar a arte social que foi sendo criada como um organismo vivo onde a cada dia foram criadas dinâmicas expressivas e trocas de saberes e habilidades. A cada movimento conexões potentes foram criadas entre jovens das mais diversas realidades, vindos de todas as partes do Brasil, compartilhando seus impulsos, angústias e sonhos.
Luciana Pinheiro, Workshop “Arte como Ponte”, Bragança/SP