RUDOLF STEINER E A SUA RELAÇÃO COM A JUVENTUDE
por representantes da Seção de Jovens no Brasil
por representantes da Seção de Jovens no Brasil
Mesmo um século após sua morte, Rudolf Joseph Lorenz Steiner segue atravessando as barreiras do tempo e do espaço, despertando inspiração em diversas almas ao redor do mundo. A seguir, depoimentos a partir da perspectiva de dois jovens da atualidade sobre Rudolf Steiner:
YAMANDÚ, 19 anos, Belo Horizonte/MG - Nos últimos cem anos Rudolf Steiner nos deixou um legado de incalculável valor, abordando questões do desenvolvimento humano, individual e coletivo. Esses dois, apesar de ocorrerem de maneiras distintas, têm, além do objetivo como semelhança, o mesmo ponto-chave de virada: a juventude. Nas palavras do próprio Steiner:
Os jovens são os portadores das novas forças de que a humanidade precisa, e, por isso, é essencial que a educação os ajude a desenvolver o pensamento livre e a ação responsável.
A Tarefa da Juventude, 1922
Por essa importância percebida na figura do jovem, é essencial que a educação tenha seu papel bem claro ao guiar os alunos no caminho da vida. A educação deve não apenas transmitir conhecimento, mas também ajudar os jovens a despertarem para sua missão espiritual única, permitindo-lhes contribuir de maneira autêntica para o bem coletivo. Um dos pontos centrais para o desenvolvimento da Pedagogia Waldorf, é buscar compreender como o adulto deve atuar para que a criança, em liberdade, busque o caminho certo!
A juventude de Steiner é refletida em sua compreensão e obra. Tendo crescido num período em que o mundo passava por grandes transformações sociais e culturais, não deixou ele próprio de fazer parte dessas mudanças. Steiner não foi um jovem como qualquer um; mas como qualquer um, também foi jovem. E eu vejo exatamente esse como um de seus maiores legados, deixou um caminho a ser estudado e trilhado, não só o caminho de uma grande individualidade, mas também o caminho de um ser humano.
YURI, 31 anos, Guarujá/SP - Steiner foi um mortal. Foi um humano excepcional, um dos grandes iniciados, como constatou Edouard Schuré. Porém, não está isento do recorte histórico da Europa na transição de século e o que tudo isso acarreta (ainda mais do ponto de vista de um brasileiro vivendo no séc. XXI). Mesmo assim, apesar da minha grande admiração como grande iniciado, atualmente, o que me chama mais atenção no conteúdo de sua vasta obra e atuação são dois pontos:
– a proposta revolucionária do processo cognitivo, tema central de suas produções filosóficas e que sustentam e alicerçam todas as suas percepções suprassensíveis expostas em diversas palestras, escritos, ensinamentos;
– como as forças da pedagogia Waldorf surgem da necessidade prática das teorias da trimembração social. E a solução para se alcançar uma prática pedagógica, livre de doutrinas, capaz de promover soluções saudáveis para as questões sociais é transferir a responsabilidade de ensino no autodesenvolvimento e não no conteúdo a ser ensinado.
Acredito que esses dois pontos iluminem o caráter central de Steiner. E me fascina vê-lo nem um pouco perdido nas fantasias da imaginação esotérica, nem amordaçado pelos dogmas da ciência e sua inabilidade prática. Porém, se seu legado fosse apenas o conteúdo, pouco valor me teria. Pois, minha maior gratidão ao Steiner é ter me proporcionado encontrar (ou reencontrar) pessoas que têm um impacto saudável na minha vida e nas fundações do meu ser. Acredito que as almas e espíritos que se encontram, com amor, autoconsciência e liberdade, para a construção de um futuro saudável são os tesouros que mantêm viva a memória de Steiner.