Terapia artística
A terapia artística fundamenta-se na visão médica, terapêutica e artística ampliada pela antroposofia de Rudolf Steiner, segundo a qual o homem é um ser espiritual constituído de espírito, alma e corpo vivo, e no conhecimento teórico e prático dos elementos das artes e das leis que os regem.
Assim, por meio desses elementos, que nas artes plásticas são, por exemplo, cor, forma, volume, disposição espacial, etc., a terapia artística possibilita que a pessoa vivencie os arquétipos da criação, ou seja, se re-conecte com as leis que são inerentes à sua natureza interior mas que foram "esquecidas" por diferentes motivos. Com isso, traz um contato com a essência sanadora de cada um.
Na terapia artística aprende-se a observar, sentir, agir e pensar de modo mais consciente e diferente do que antes. No entusiasmo pela natureza, pelo belo, pelo ritmo e pela harmonia a pessoa sente-se novamente "inteira".
Histórico no mundo
A origem da terapia artística vem do trabalho conjunto que a Dra. Ita Wegmann (1876-1943) desenvolveu com Rudolf Steiner (1861-1925), no qual a pintura era às vezes, prescrita como parte do tratamento médico.
Em 1925 quando a médica Dra. Margarethe Hauschka (1896-1980) foi pela primeira vez ao Instituto Clínico-Terapêutico de Arlesheim, Suiça, para estudar Euritmia Curativa, encontrou-se com duas artistas alemãs, Sofia Bauer e Maria Kleiner, que praticavam a pintura com os pacientes. Nesse mesmo ano e até 1927, ela pode trabalhar com pintura e cerâmica com pacientes da clínica do Dr. Husemann, em Gunterstal, Alemanha, e nos dois anos seguintes, a pedido da Dra. Wegmann, foi para uma clínica filial da de Arlesheim, em Lugano (Suiça), com a incumbência de cuidar terapêutica e culturalmente de um número limitado de pacientes. Com essa experiência, teve a oportunidade de desenvolver o elemento artístico de várias maneiras.
De volta à Clínica de Arlesheim, em 1929, paralelamente ao seu trabalho médico, foi responsável pelo ensino de arte nos cursos anuais de enfermagem e medicina antroposóficas por doze anos consecutivos, até que a 2a. guerra colocou um fim temporário a essa atividade.
Em 1940 foi para a Áustria, onde durante 22 anos trabalhou e deu cursos no país e no exterior. Por meio dessa experiência, construiu as bases práticas e teóricas da terapia artística para, em 1962, fundar a primeira escola de terapia artística, em Bad Boll, na Alemanha. Mais tarde surgiram outras escolas que também deram contribuições próprias ao desenvolvimento dessa nova terapia.
Histórico no Brasil
No Brasil, a terapia Artística surgiu graças ao impulso dado por D. Ada Jens (1921-1994), primeiro por meio de sua prática na Clínica Tobias, S.Paulo, e depois pela criação do curso de Terapia Artística.
A D. Ada, que era enfermeira e fisioterapeuta, fez a formação em Terapia Artística no ano de 1969 em Bad Boll e teve como mestra a própria Dra. Margarethe Hauschka. De volta ao Brasil, ela foi responsável pela Terapia Artística na Clínica Tobias por vinte anos.
Em 1986, junto à SBMA (Sociedade Brasileira de Médicina Antroposófica) e com o apoio da ABT (Associação Beneficiente Tobias), a D. Ada iniciou, com entusiasmo constante, o primeiro curso de formação de terapeutas artísticos do Brasil, que teve como sede, até 1992, o Centro Paulus de Estudos Goetheanísticos, em Parelheiros, SP. A partir de 1993 e até 1996 esse ensino foi sendo feito em São Paulo e atualmente é realizado pela Associação Sagres em Florianópolis.
Em 1996 foi fundada a AURORA - Associação Brasileira dos Terapeutas Artísticos Antroposóficos com o objetivo de contribuir para o aprofundamento e divulgação da terapia artística, respaldar o profissional da área, promover troca de experiências, cursos e palestras. bem como representar as atividades da terapia artística em todo o território nacional.
Sobre o processo terapêutico
A Terapia Artística possibilita uma transformação onde o paciente é o agente que segue e dá continuidade a um determinado processo que lhe traz harmonia. Dá forma onde há pouca estrutura, dissolve onde há rigidez, dá clareza onde tudo é vago e traz fantasia onde a mente está endurecida.
O paciente enfrenta limites, supera dificuldades, aprende a adaptar-se ao material que usa, aceita as falhas e tende a desenvolver autoconfiança e auto-estima.
A terapia artística tem metas claras. O resultado estético, porém, não é o objetivo; a importância está no processo.
A terapia artística pode ser aplicada a todos os casos de doença ou desarmonia, sendo que em cada situação será utilizado um meio específico adequado - pintura, modelagem, desenho. Além disso, os exercícios propostos devem ter significado próprio, dirigidos a uma determinada situação.
Qualquer atividade artística pode levar a um caminho de aprendizado e autodesenvolvimento. A terapia artística, porém, é muito diferente da prática artística pura, no que diz respeito à atitude interior, métodos e propósitos. O caminho terapêutico tem a intenção de transformar cada dificuldade em exercícios terapêuticos que possibilitem o processo de mudança.