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No pensar, clareza
No sentir, cordialidade,
No querer, prudência:
Almejando-as
Posso então esperar,
Que eu corretamente
Possa encontrar-me
Nas trilhas da vida
Diante de corações humanos
No âmbito do dever.
Pois clareza
Provém da luz da alma,
E cordialidade
Contém o calor espiritual,
Prudência
Intensifica a força da vida.
E tudo isso,
Em confiança em Deus anseia,
Em caminhos humanos conduz
A passos bons e seguros na vida.
Queridas e queridos leitores,
Com muita alegria apresentamos a edição especial em homenagem a Rudolf Steiner por ocasião do centenário de falecimento (1925 – 2025) trazendo alguns dos grandes temas abordados por ele em sua obra.
Rudolf Steiner relata em sua autobiografia que "O aspirante ao conhecimento espiritual deve vivenciar esses mundos; não lhe basta pensar teoricamente sobre eles.” [1]. Os textos dos colaboradores desta edição colorem essa visão. E por vezes apresentam um panorama único e individual do caminho por eles percorrido, ao vivenciar o que Rudolf Steiner trouxe para a humanidade, de forma tão original e profunda.
Agradecemos a disponibilidade e a dedicação dos membros e amigos da Sociedade Antroposófica que contribuíram para essa edição.
Com os cumprimentos da equipe editorial.
Sonia A.S. Teixeira, Diretora Social e de Comunicação da Sociedade Antroposófica no Brasil,
em nome da Equipe Editorial de ECOS
[1] STEINER, Rudolf, Minha vida, 2ed. São Paulo: Antroposófica, 2016, p. 285.
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Grupo Editorial e Projeto Gráfico: André Domínguez, Cláudia Lessa e Sonia A.S. Teixeira
Contato: periodico@sab.org.br
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No dia 30 de março deste ano, comemoraremos o centenário da morte de Rudolf Steiner. Este aniversário nos dá a chance de nos conectarmos e nos envolvermos de uma nova maneira com a pessoa Rudolf Steiner. Uma visão geral oferecerá a oportunidade de considerar e homenagear temas importantes de sua biografia.
Um desses temas é o 'eu' humano. O 'eu' o ocupou em todas as fases de sua vida, mas a maneira como ele via, entendia e trabalhava com e sobre o 'eu' mudou com o tempo. Eu diria até que ocorreu uma mudança de polaridades em relação à maneira como ele percebia o 'eu'.
Do 'eu' emancipado ao espírito entre os espíritos
Para o jovem estudante, filósofo e escritor Rudolf Steiner, o 'eu' livre e autodeterminado foi o ápice da evolução cultural e pessoal. Fez a vida valer a pena. O 'eu' livre é o objetivo do ser humano individual. Isso certamente também se aplica a Rudolf Steiner como pessoa. O 'eu' é como o ponto de fuga onde todas as linhas da pintura biográfica se fundem e de onde se espalha o espaço biográfico. Todos os coletivismos que se interpõem no caminho do 'eu' livre devem ser superados. O 'eu' deve emancipar-se deles tanto quanto possível. No meio de sua vida, Rudolf Steiner falou do 'eu' como um espírito entre os espíritos. O 'eu' não é essencialmente da terra, mas do cosmos. Pode ser um hóspede na terra durante toda a vida e depois deixar a terra novamente sem deixar de ser. É espírito entre espíritos, a décima hierarquia, em solidariedade com as nove hierarquias. Este é o mundo para o qual o 'eu' leva. É o buraco da agulha através do qual o Ego pode e deve passar. O 'eu' torna-se o ponto de partida deste novo mundo, deste cosmos de espíritos. E com esses espíritos está graciosamente conectado, até a experiência de 'Não eu, mas o Cristo em mim'. Chegamos a um conceito participativo do 'eu': "Eu sou porque você é".
'Eu' performativo
Como essa transição aconteceu na vida de Rudolf Steiner? Houve uma ruptura? Uma metamorfose? Um ponto de virada? Talvez pudéssemos chamá-lo de mudança de polaridade no sentido de que cada polaridade vive na outra e não pode existir sem a outra. O 'eu' emancipado é basicamente definido por seu entorno, do qual se esforça para ser livre. O 'eu' participativo só aparece como um 'eu' separado no cosmos do eu se estiver consciente de si mesmo. O próprio Rudolf Steiner rejeitou a noção de uma ruptura em sua vida que muitos contemporâneos parecem ter observado nele. Ele falou de continuidade, porque viveu a transição. Seu 'eu' estava sempre ativo. A transição foi explícita 'eu'-atividade. Podemos falar de um 'eu' criativo e performativo. O 'eu' performativo conseguiu fazer a transição de um 'eu' emancipador para um participativo. Podemos, portanto, perguntar como nós, como antroposofos, podemos encontrar ativamente nosso lugar entre a liberdade individual desejada e a participação desejada no todo.
Clique aqui para ler o texto em inglês.
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Ueli Hurter é co-líder da Seção de Agricultura desde 2010 e membro do Comitê Executivo da Sociedade Antroposófica Geral desde 2020. Ele faz parte do conselho da International Biodynamic Association (IBDA).
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(...) O aspecto espiritual que reina no destino só consegue concretizar-se no âmbito físico, se sua causa correspondente tiver se retirado para a região espiritual antes dessa concretização. Pois o que se configura em conformidade com o destino provém do âmbito espiritual, e não como consequência das manifestações físicas.
Rudolf Steiner
A alegria de viver, o amor pela existência, a força para o labor, tudo isso nasce do sentido estético e artístico.
Quanto esse sentido enobrece e embeleza as relações entre os seres humanos!
Rudolf Steiner
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A natureza faz do ser humano meramente um ser natural; a sociedade, um ser que atua segundo leis; e apenas ele mesmo pode fazer de si um ser livre. Em certa fase de seu desenvolvimento, a natureza liberta o ser humano de suas amarras; a sociedade conduz esse desenvolvimento até um ponto mais além; apenas o ser humano pode dar a si próprio o toque final.
Rudolf Steiner
Para Marie Steiner
Estrelas falavam antigamente aos seres humanos,
Seu silenciar é destino do cosmos;
A percepção do silenciar
Pode ser sofrimento do ser humano terreno;
No entanto, amadurece na calma silenciosa,
O que os seres humanos falam às estrelas;
A percepção do seu falar
Pode vir a ser força do ser humano espiritual.
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Germinam desejos da alma
Crescem ações do querer
Amadurecem frutos da vida.
Eu sinto meu destino,
Meu destino me encontra.
Eu sinto minha estrela,
Minha estrela me encontra.
Eu sinto minhas metas,
Minhas metas me encontram.
Minha alma e o mundo são somente um.
A vida, fica mais clara ao meu redor,
A vida, fica mais difícil para mim,
A vida, fica mais rica em mim.
Aspire a paz,
Viva em paz,
Ame a paz.
"Dança da Paz", Rudolf Steiner
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Imagens: Pesquisamos a existência de direitos autorais das imagens utilizadas.
Se tiver conhecimento de algum direito que não foi mencionado, por favor entre em contato conosco pelo e-mail: periodico@sab.org.br